É comum pensar que em um ranking de smart cities no Brasil ou no mundo a tecnologia é o fator que diferencia as cidades vencedoras das demais. Nem sempre. Criado em 2008 pela IBM, o conceito de smart city valoriza o quanto uma cidade consegue transformar territórios com grande densidade populacional – e com demandas complexas, em função disso – em ambientes que aumentem a qualidade de vida de todos a partir de soluções inteligentes.
A mais prestigiada classificação internacional de cidades inteligentes, o índice IESE Cities in Motion (CIMI), criado pela IESE Business School da Universidade de Navarra, na Espanha, leva em conta nove dimensões-chave e as estuda considerando um grande número de casos de sucesso e em uma série de entrevistas em profundidade com líderes municipais, empresários, acadêmicos e especialistas ligados ao desenvolvimento das cidades. Compõem o modelo conceitual do CIMI: Governança, Economia, Coesão Social, Capital Humano, Projeção Internacional, Tecnologia, Planejamento Urbano, Mobilidade e Transporte e Meio Ambiente.
Mobilidade urbana como diferencial de uma smart city
Cada vez mais, o deslocamento das pessoas ou da produção dentro de uma cidade são elementos decisivos para a aquisição de um imóvel por uma família ou mesmo para a construção de um empreendimento comercial. Buscando destacar soluções inteligentes para este aspecto é que o CIMI estabelece a mobilidade e o transporte como elementos-chave para o desenvolvimento de uma cidade – e nem sempre isso exige tecnologia de ponta. Segundo o índice, que avalia cidades em todo o mundo, afetam a qualidade de vida de uma população, indicadores como a infraestrutura rodoviária e de rota, a frota de veículos e transporte público e até a disponibilidade de transporte aéreo. O sucesso em integrar e fazer funcionar cada um destes fatores pode ser também decisivo para a sustentabilidade da cidade ao longo do tempo. Outro fator fundamental na categoria mobilidade são as externalidades geradas no sistema de produção, tanto pela necessidade de deslocamento da força de trabalho quanto pela necessidade de escoamento para a produção.
Dos 13 itens que compõem o fator mobilidade e transporte, alguns merecem destaque. O ranking leva em conta índices que medem o tráfego em geral, a ineficiência de tráfego e o tráfego exponencial. Longos tempos de viagem e percursos mais extensos do que o necessário são problemas reais para os quais as cidades inteligentes precisam apresentar soluções. O número de voos de chegada (rotas aéreas) em uma cidade também é levado em conta para definir a inteligência de uma cidade quando é necessário resolver o desafio da mobilidade urbana.
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Dimensão econômica de uma smart city
Olhar para a economia de uma cidade inteligente é valorizar todos os aspectos que promovem o desenvolvimento econômico de um território, entre eles: planos locais de desenvolvimento, planos de transição e planos industriais estratégicos; geração de cluster; inovação; e iniciativas empresariais. Para medir esta dimensão nas cidades estudadas, o CIMI leva em conta, por exemplo, a motivação que as pessoas têm para realizar atividades empreendedoras em estágio inicial, se por criatividade ou por necessidade, e o número de sedes de empresas de capital aberto.
Outro indicador é o nível de produtividade medido. Segundo o estudo, a produtividade do trabalho permite medir a robustez, a eficiência e o nível tecnológico do sistema de produção. No que diz respeito à competitividade local e internacional, a produtividade terá repercussões sobre os salários reais, as receitas de capital e os lucros das empresas. As taxas de produtividade atuais podem explicar as diferenças na qualidade de vida dos trabalhadores – e na sustentabilidade do sistema de produção ao longo do tempo. Outros indicadores selecionados como representativos desta dimensão permitem a medição de alguns aspectos do cenário de negócios de uma cidade, como o tempo necessário para iniciar um negócio; e a facilidade, em termos regulatórios, de abrir um negócio.
Smart Cities são cidades mais sustentáveis
Atender as necessidades do presente, criando formas de garantir a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades deve ser, em essência, a base de todas as soluções ligadas ao meio ambiente em uma cidade inteligente. Planos antipoluição, apoio a edifícios verdes e energias alternativas, água e gestão de resíduos eficientes e a existência de políticas que ajudem a conter os efeitos das alterações climáticas são algumas iniciativas valorizadas pelo ranking elaborado pelo CIMI. Os indicadores observados incluem medições das fontes de poluição do ar e da qualidade da água nas cidades, que são indicadores da qualidade de vida de seus habitantes, bem como da sustentabilidade de sua produção ou matriz urbana.
Dos 11 indicadores contemplados pelo estudo, vale destacar aqueles responsáveis por rastrear o grau de poluição do ar, por se tratarem de substâncias fortemente relacionadas ao efeito estufa. Segundo o CIMI, as emissões de CO2 vêm da queima de combustíveis fósseis e da fabricação de cimento, enquanto as emissões de metano derivam de atividades humanas, como a agricultura e a produção industrial de metano.
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